O cortisol é um
hormônio esteróide, portanto, age dentro da célula. Seu receptor
está situado no citoplasma e quando se liga ao hormônio, migra para o núcleo da
célula, especificamente em receptores na região promotora do DNA. Sua função é,
basicamente, preparar o corpo para reações de luta e fuga, por isso considerado
o hormônio do estresse. Mediante uma situação estressante, ou até mesmo um
pensamento estressante, nosso corpo libera cortisol do córtex da adrenal. Esta
liberação é realizada pelo eixo hipotálamo-hipófise (ou pituitária)-adrenal.
Assim, podemos ver que a sinalização parte do cérebro para a periferia.
Figura
retirada do artigo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302006000600003
Após a
cessação do estímulo estressante, o cortisol não é mais liberado devido o
sistema de feedback negativo. Esse sistema permite que não tenhamos níveis
hormonais de determinados hormônios em demasia. Funciona assim: em todo eixo
HPA existem receptores de cortisol, e quando o cortisol se liga a esses
receptores ele o inibe, assim não há mais liberação de cortisol pela adrenal.
Outras áreas do cérebro também recebem esse cortisol, como o hipocampo e o
córtex pré-frontal, e também podem 'desligar' esse eixo.
O exercício
físico é um estresse, afinal faz com que o nosso corpo saia da homeostase. Para
se reequilibrar numa situação que não é a de repouso, o nosso corpo libera
cortisol. O cortisol tem ação antagônica à insulina, aumenta a pressão
arterial, inibe o sistema gastrointestinal e reprodutivo. Também regula o
sistema imunológico. Todas essas alterações permitem a ação de luta e fuga, e
por isso é tão importante sua liberação durante o exercício físico. Porém, como
podemos ver na literatura científica, para que haja grande liberação de
cortisol, é necessária uma intensidade alta de exercício e uma longa
duração. Nós realizamos uma revisão sistemática para observar se os estudos com idosos
também mostram os mesmos resultados, mas parece que para os idosos este
resultado é bem controverso.
Com o
treinamento físico, o eixo HPA parece adaptar-se, e por isso, pessoas mais
ativas podem ter menores níveis de cortisol comparadas às pessoas sedentárias.
Isso seria uma vantagem já que no repouso não precisamos de altos níveis de
cortisol, e o treinamento físico pode nos ajudar a manter esse equilíbrio. Um
estudo também mostrou que pessoas que reagem a um estresse psicológico de forma
intensa também reagem da mesma forma ao estresse físico. Assim, podemos ver que
o treino físico (ou estresse físico) pode ajudar-nos também na adaptação
fisiológica aos estresse psicológicos do dia a dia. Nessa figura, pode-se ver
diversas alterações no eixo HPA, as quais permitem a redução dos níveis basais
de cortisol.
Para um
atleta, níveis de cortisol altos, sobretudo contrabalanceados com hormônios
anabólicos como a testosterona, podem representar uma situação de overtraining.
Isso acontece porque o treinamento em demasia e sem recuperação pode promover
uma desregulação no eixo HPA, especificamente nos receptores de cortisol,
impedindo, ou dificultado, o sistema de feedback negativo. Consequentemente, um
atleta em overtraining pode ter níveis altos de cortisol no repouso,
representando um estado catabólico.
** Para
saber mais:
O efeito dos
exercícios físicos nos níveis de cortisol em idosos:uma revisão sistemática. RBAFS 17 (4):314-320. 2012
Central mechanisms of HPA axis regulation by voluntary
execise. Neuromol med (10):118-120. 200
Maravilhosa e consoladora ciência ! Queria que você cuidasse de mim. :( Calorosos parabéns, Helena! Deus a ilumine cada vez mais!
ResponderExcluirQuerida, quem sabe um dia??!?! Rsrs bjs
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