sábado, 20 de abril de 2013

Insulina

                       A insulina é um hormônio proteico sintetizado pelas células beta do pâncreas. Quando secretada no sangue, circula quase que inteiramente em forma livre, com meia-vida média de 6 minutos. A porção da insulina que não se liga aos receptores na célula-alvo é degradada pela enzima insulinase principalmente no fígado, em menor extensão nos rins e no músculo.
                      O receptor de insulina na membrana da célula tem duas subunidades alfa que ficam no exterior da célula e duas betas que ficam na parte interior. Quando a insulina liga-se nas subunidades alfa, as subunidades beta se autofosforilam, tornando-as ativa, causando uma série de sinalizações enzimáticas dentro da célula.  Logo após a fixação da insulina em seu receptor, a célula do músculo e as células adiposas tornam-se altamente permeável a glicose, através do receptor GLUT4. No interior da célula, a glicose é fosforilada e torna-se um substrato para as funções metabólicas. A membrana também se torna permeável aos aminoácidos, íons de potássio e íons fosfato. 
 
Durante o repouso a membrana da célula é ligeiramente permeável à glicose, por isso o tecido muscular não depende de glicose no repouso, e sim dos ácidos graxos. A célula torna-se, então, permeável à glicose, após a refeição ou durante o exercício moderado ou pesado. Após as refeições o pâncreas secreta insulina, mas durante o exercício a célula torna-se permeável à glicose, independente da insulina.

Mecanismos
Entre as refeições, quando a comida não está disponível, a concentração sanguínea de glicose começa a cair e o glicogênio hepático é transformado em glicose para que as concentrações de glicose no sangue não caiam para níveis baixos demais. Por outro lado, após as refeições a insulina facilita o transporte de glicose para o fígado e para os músculos, formando glicogênio muscular, que pode ser mais tarde usado pelo músculo. No fígado a insulina inativa a fosforilase hepática (que causa a quebra do glicogênio hepático) e aumenta a atividade da enzima glicoquinase, que faz a fosforilação inicial da glicose. Uma vez fosforilada, a glicose é aprisionada nas células.
Quando a quantidade de glicose que entra nas células do fígado é superior àquela que pode ser armazenada como glicogênio ou ser usada para o metabolismo local do hepatócito, a insulina promove a conversão de todo o excesso de glicose a ácidos graxos.




quinta-feira, 4 de abril de 2013

Consumo de carboidrato antes do exercício

                  O consumo de carboidratos antes e durante o exercício é um tema bastante discutido e com resultados científicos ainda inconclusivos, mas vamos ver quais são as evidências científicas. 
             Vimos aqui sobre o metabolismo de carboidrato e sua eficiência como fornecedor de energia para a realização de exercícios. Por isso, o consumo de carboidratos com o objetivo de aumentar o estoque dessa fonte de energia para otimizar sua utilização parece ser necessária.
              Os carboidratos podem ser simples e complexos. Os carboidratos simples são os monossacarídeos, como a glicose e a frutose, e os dissacarídeos, como a sacarose, maltose e lactose. Eles são digeridos e absorvidos rapidamente, formando glicose e aumentando os níveis de insulina no sangue. Já os complexos, como os polissacarídeos, integrais, por exemplo, demoram a serem quebrados e, portanto não elevam rapidamente os níveis de insulina. 
Essa figura mostra de uma forma bem didática como um carboidrato de maior cadeia (complexa) precisa ser  quebrado para ser digerido e absorvido, sendo estas de absorção lenta.
         Consumidos antes do exercício, os carboidratos simples podem não ser muito eficientes. Eles elevam os níveis de açúcar no sangue (glicemia), consequentemente o de insulina (hormônio que retira esse açúcar do sangue) e logo após uma hipoglicemia, chamada hipoglicemia de rebote. Essa hipoglicemia parece ocorrer quando são ingeridos estes carboidratos entre 15 e 45 minutos antes do exercício. Entretanto, embora a hipoglicemia aconteça, um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do sul mostrou que isso não quer dizer que irá ocorrer uma piora no desempenho do atleta. Portanto, alterações no desempenho irão depender também da tolerância dos atletas à hipoglicemia. 
                Por outro lado, a suplementação de carboidrato durante o exercício pode não contribuir para a hipoglicemia de rebote. Isso ocorre porque durante o exercício pode haver um aumento na permeabilidade da fibra muscular, diminuindo a necessidade da insulina. Durante a atividade muscular, os receptores de insulina também são alterados. É importante observar que os melhores resultados são observados entre 3 e 4 horas de exercício.
A relação entre insulina e exercício será discutida no próximo post.

Fonte para esse post: Fisiologia do exercício. Wilmore & Costill
                                     Sapata et al., 2006. Revista Brasileira de Medicina do 
                                     esporte. Vol 12 n.4